segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cultura Sneaker Parte 1: Um Breve Resumo e Análise

A chamada "Cultura Sneaker" ou "Sneaker Mania" tem seu início no final dos anos 70, porém, antes disso, na década de 60 e desde essa época o tenis se firmou como um dos principais itens de diferenciação e identificação entre as tribos de rua (ballers, skatistas, b-boys, rappers, etc) onde as grandes marcas que dominavam o mercado eram Adidas, Puma, Converse e Pro-Keds com seus modelos que são considerados como os primeiros clássicos: Converse All Stars Chucks, Pro-Keds Royals, Puma Clydes (Suede), Adidas Superstar entre outros reinavam nas quadras e nas ruas. Imortais e ícones de uma época.







Nos anos 70, nasce a marca que iria revolucionar a história do tenis esportivo e se tornar líder de mercado. A Nike surge no mercado e lança modelos como o recolucionário Waffle Trainer, Blazer, Corte e não pararia por aí. O grande mercado de tenis esportivos desta época, eram os de basquete e um pouco menos os de corrida.





Os anos 80 chegam e em basicamente basicamente dois episódios, a "sneaker mania" explode, fazendo com que o tenis fosse cultuado como a autêntica expressão urbana. Estes episódios foram: a proibição ao Michael Jordan de usar seu primeiro "pro-model", o Air Jordan 1 "Black-Red" e o frisson que o estilo do grupo de rap RUN DMC causou na juventude daquela época usando seus Adidas Superstars sem cadarços. Com essa mania as pessoas começaram a ter um grande apego pelo tenis, sempre cuidando para deixa-los limpos, inovando com cadarços diferentes, querendocolecionando seus tenis preferidos, era a primeira geração de "sneakerheads", porém este termo só viria aparecer nos anos 2000.

Michael Jordan - Air Jordan 1 (Black-Red) 1985


RUN DMC - Adidas Superstar 1985


Década de 80: Diferentes tribos, principal diferença: sneakers e maneiras de usá-los.




O tempo foi passando, final dos anos 80 e início dos anos 90 e as marcas continuaram inovando e buscando o máximo de performance para seus lançamentos, por serem muito inovadores, revolucionários ou um termo que eu gosto de usar: "à frente ao seu tempo", acabaram por se tornarem ícones, objetos de desejo e se tornaram a segunda geração dos clássicos. São modelos como os próprios Jordans, Air Maxes, Adidas ZX, Reebok Pumps, Puma Discs, Adicolor, New Balance 1500 entre vários outros.






Chegamos nos anos 2000 e a moda retro pegou de vez (já que a moda sempre vai e vem) e as marcas de tenis também se aproveitaram do momento (ou iniciaram, vai saber?) e começaram a relançar os seus clássicos e se tornaram mania novamente. Os mais notáveis, ou os "primeiros" eram tenis como o Nike Cortez, o Nike Air Force 1 e o Nike Dunk. A partir daí a mania por tenis ressurgiu e as pessoas que tinham vivido aquele primeiro momento na década de 80 e 90 perceberam que seus tenis guardados começaram a ganhar espaço, as pessoas começavam a procurar os modelos originais da época gerando um mercado, um negócio. Obviamente as marcas perceberam este movimento e para conseguir alcançar as pessoas interessadas, resolveram relançar seus clássicos em suas versões originais em edições limitadas, surgiam os chamados Retros.

Originais:


Edição Limitada Retro:


2003 é o é o ano da grande explosão da sneaker mania, onde o termo "Sneakerhead" surge (O termo significa literalmente "cabeça de tenis" ou seja, uma pessoa que está com a cabeça no tenis, só pensa em tenis). Bom, o porque desde boom? A resposta é uma: Nike Dunk City Series, primeiro com o Dunk Paris, pintados pelo artista Bernard Buffet e gerou um rebuliço na exposição que tiveram que cancelar a venda dado o tamanho de pessoas que estavam lá para comprar um dos 202 pares. Dois anos depois, em 2005, com o Dunk New York ou, como conhecido, o Dunk Pigeon. Foram feitos apenas 150 pares dele o que causou um tumulto na cidade de New York. A loucura das pessoas foi tanta que sairam notícias em vários jornais e as pessoas realmente estavam dispostas a matar para conseguir um par e quem o conseguisse seria um felizardo que teria um tenis ultra-limitado. Foi a fisgada da Nike que descobriu um novo nicho de mercado. Um nicho onde as pessoas buscavam exclusividade. Pessoas que tinham essa paixão por tenis e iriam atrás desta edição limitada por causa da história que o tenis levava consigo e por causa da história que a edição em si contava. A partir daí foram lançamentos atrás de lançamentos com a mesma receita: um tenis históricamente clássico misturado com uma inspiração em seu esquema de cores, materiais e em quantidade limitada. Vários destes se tornaram verdadeiros "Santos Graais", entre eles o Dunk Tiffany, Dunk Stussy, entre outros. Raridades por serem exclusivos e de baixíssima tiragem, tem um grande valor na "Pirâmide Hierárquica Sneaker".

Mas, e as pessoas que não conseguiam comprar estes tenis raros? Bom, para isso a Nike criou classificações que diferenciavam os lançamentos "normais" (GR - Global Release) e os lançamentos mais limitados (QS - Quickstrike) e os ainda mais limitados (HS - Hyperstrike). Ou seja, a Nike conseguiu atingir todos que buscavam um tenis com um visual diferente dos tenis de performance da época, um tenis casual, para sair, ir ao parque, shopping, etc.. As outras grandes marcas, principalmente a Adidas também percebe o movimento desde o começo e usavam a mesma receita.

[Continua]

Abraços
iLano

4 comentários:

  1. Muito boa a matéria, aprendo muito sobre o universo sneaker no seu blog. Parabéns!

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  2. SOU FÃ DO PRO-KEDS ROYAL COM CANO E SEM CANO, TANTO AZUL COMO O BRANCO, GOSTEI MUITO SOBRE A HISTÓRIA DELE E DE OUTROS TÊNIS. GOSTARIA DE SABER COMO FAÇO PARA ADQUIRI-LOS AQUI NO BRASIL.
    ELSON MARQUES, RJ.

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  3. INFORMAÇÕES PARA elsonmano@ig.com.br.

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