Pés de rainha (por Luis Paulo Soares)

Andar de skate nos anos 70 era uma aventura.
Sim, porque se equilibrar num Torlay com rodas de plástico duro recheadas de bilhas (esqueça as Moskas e os Red Bones) era radical. Principalmente os capotes.
Mas de lá para cá, uma coisa não mudou. O equipamento certo para a atividade certa. E como o grupo aqui trata de sneakers, é preciso comentar os tênis daquela época.
Nos Estados Unidos, o Vans era o que havia de melhor para pools, banks, ramps, street, ou free style, ou seja, era Vans ou Vans. Bom, talvez, um Converse, se você não fosse “in”.
Aqui nas terras brazucas, estávamos beeem atrás dos gringos. Só tínhamos a Rainha produzindo uma linha “cover” da Vans.
Faziam parte da linha, o Mont Car, um “Era” azul marinho; o Iate, um “Slip On” também azul e depois viria um específico para skate, o Skip um “Era” bicolor.
Eu como muitos mortais daqui, só tinha grana para comprar um Mont Car, sonhando com um Vans, lendo a Skateboarder escondido numa livraria do bairro.
Meu primeiro Vans, só viria 34 anos depois. Mas isso é uma estória para outro post.
Foi nessa época, que percebi um problema estrutural dos sneakers vulcanizados daqui:
- O descolamento da barra lateral, na dobra do pé. Aquela que se forma a flexão dos dedos ao pisarmos no chão.
Incrível, mas os Converse importados, como o meu velhão, mesmo com muito tempo de uso, não descolavam. Gastavam a sola, rasgavam a lona, mas continuavam com perfil lateral inteirinho.
Mas quem não tem Vans usa Mont Car. E a gente usava mesmo. Era barato, macio e servia bem para uma session na Marquise do Ibirapuera, ou num rolê no sábado á noite.
Já nos anos 80, a Rainha surpreenderia lançando uma versão do Iate com o cabedal em palha trançada. Inovador mas esquisito.
E também nos anos 80, surge no Rio de Janeiro o melhor cover da Vans, o Redley.
Detalhe, para completar o visual skateboarder, não podiam faltar as longas meias brancas com 2 ou 3 listras .
Atualmente a Rainha tenta recuperar o prestígio que teve nos anos 70 e 80 com o relançamento das linhas Mont Car e Iate.
Francamente, acho pouco provável, pois são outros tempos e outro contexto. Mas...boa sorte!

Este post/depoimento foi feito por Luis Paulo Soares, que viveu a evolução e revolução dos tenis no Brasil desde a década de 70.

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Abraços
iLano